MPF, Ibama, MPT, MP/AM e MP/RO processam 26 frigoríficos em Rondônia, Amazonas e Mato Grosso por comércio de carne de boi criado em área irregular
As principais redes de supermercado e
fast foods do país estão sendo comunicadas para não colaborarem com o
desmatamento e trabalho escravo na Amazônia
O Ministério Público Federal em
Rondônia, no Amazonas e em
Mato Grosso , o Ibama, o Ministério Público do Trabalho e o
Ministério Público do Amazonas e de Rondônia estão processando judicialmente 26
frigoríficos pela compra e comercialização de bois criados ilegalmente, às
custas de devastação florestal, trabalho escravo e violação de direitos
indígenas nesses três Estados. Nas ações, pede-se o pagamento de indenização
pelos danos ambientais à sociedade brasileira no valor de R$ 556.990.000,00
(quinhentos e cinquenta e seis milhões, novecentos e noventa mil reais).
A identificação dos frigoríficos
responsáveis pela comercialização de animais criados em fazendas irregulares em
Rondônia (RO), no Amazonas (AM) e em Mato Grosso (MT) foi possível a partir do
cruzamento de dados públicos - que registram a informação do local de origem do
animal e o destino para o abate -, com as informações sobre a localização de
fazendas dentro de terras indígenas, os embargos do Ibama por desmatamento
ilegal e a relação das propriedades que estão na lista suja do trabalho
escravo.
A partir desse mapeamento da cadeia
produtiva da carne, já identificou-se que foram comercializados e abatidos
55.699 mil animais criados em fazendas com irregularidade.
O MPF reafirma o seu compromisso com o
diálogo e com a construção de uma solução paulatina e progressiva, na medida em
que estabeleceu, no acordo proposto aos frigoríficos, prazos longos e
factíveis, em consonância com o novo Código Florestal, para a regularização da
atividade frigorífica.
O trabalho do MPF demonstra a adoção no
Brasil de um padrão de governança socioambiental. Dessa forma, empresas
nacionais e estrangeiras, que há muito tempo se mostravam temerosas pelo alto
índice de desmatamento e de libertações por trabalho escravo que o setor
ostentava, podem ver no país a adoção de medidas sérias de proteção da sua
produção.
Os grandes compradores sabem que o
Brasil está tratando claramente dos problemas da pecuária, sinalizando que vai
resolvê-los para conquistar definitivamente o lugar que merece no mercado
internacional. A atuação do MPF favorece amplamente os pecuaristas sérios que
investem na legalidade.
Tentativa de acordo – As ações
judiciais foram propostas contra os 26 frigoríficos depois que essas empresas
optaram por não assinar o acordo em que se comprometeriam a comprar
matéria-prima apenas de produtores rurais do RO, AM e MT que não cometam
desmatamento ilegal, que façam a identificação das suas propriedades – por meio
de inscrição nos cadastros estaduais existentes –, que iniciem o processo de
licenciamento ambiental e que não tenham ocorrência de trabalho escravo, invasão
de unidades de conservação, terras indígenas, quilombolas e comunidades
tradicionais.
O histórico de diálogo do MPF com as
indústrias beneficiadoras e exportadoras de carne bovina começou no Pará e
repercutiu no Acre e Mato Grosso. Cerca de cem frigoríficos já assinaram termos
de ajustamento de conduta buscando a regularização socioambiental de suas
atividades. Nas últimas semanas, o JBS, o maior frigorífico do mundo, e os
frigoríficos Siqueira & Holanda LTDA-ME (RO) e São José do Matrincha
LTDA-ME (MT) também aderiram ao acordo.
Em continuidade à atuação pela
regularização da cadeia da pecuária, as grandes redes de supermercado e de fast
food estão sendo comunicadas para adotarem medidas de prevenção e controle da
origem dos produtos que comercializam.
Os supermercados brasileiros, desde
2009 assumiram o compromisso público de não colaborarem com o desmatamento e o
trabalho escravo na Amazônia. Nesse sentido, MPF e Associação Brasileira de
Supermercados (Abras) assumiram no mês de abril uma parceria extremamente
positiva para a sociedade brasileira.
Lista dos frigoríficos em Rondônia
Lista dos frigoríficos no Amazonas
Lista dos frigoríficos em Mato Grosso
Lista das redes de supermercado e fast
food
Fonte: MPF
Luiza Archanjo
Assessoria de Comunicação
(69) 3216-0511 / 8431-9761
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